Uma combinação perfeita.
A tinta da caneta repousa
sobre o papel contornando várias palavras, formam frases que juntas formam um
texto e futuramente, dia pós dia, transforma-se em uma história.
Histórias são como
tatuagens, deixam grandes marcas na vida da gente.
E dói, dói muito quando a
gente tenta apagá-las.
Eu fui o papel. Cheguei
limpo, em branco e me entreguei inteiro. Pus-me a disposição de um novo
recomeço.
Você foi a caneta que chegou
em mim e escreveu linhas perfeitas, maravilhosas. Linhas tão bem escritas, tão
bem pontuadas, enfeitadas de vírgulas, dois pontos, reticências, que até hoje
eu não entendo esse ponto final.
Quando uma caneta de tinta
forte, invés de rabiscar uma reticência, põe um ponto final é como se rasurasse
o resto do papel em branco. É como se no lugar deste maldito ponto, tivesse um
desenho sem começo e sem fim que ocupasse todo o resto da folha limpa que
poderia ser aproveitada mais adiante.
Como acontece com o “amor”.
Quando um amor vai embora, é
porque de fato, esta não era uma história de amor, era simplesmente um
parágrafo.
Amor de verdade escreve
histórias, a paixão escreve parágrafos.
A caneta segue adiante intacta, ou pelo menos sem perceber
que deixou um pouco da tinta numa folha qualquer pra trás. As folhas de papel
são esmagadas, rabiscadas, rasuradas, rasgadas, destruídas, mas são
recicláveis. Depois de todo esse processo que aos nossos olhos é grotesco,
papéis retornam em formas variadas, em cores sortidas, mas voltam sempre
papéis, por vezes até papelão. E canetas são descartáveis.
O papel volta novo e recebe
outra missão. Uma nova caneta repousa sobre ele. Compõe uma música, escreve uma
história e o papel tem um novo ciclo. Mas a caneta tem sempre a mesma função.
E
não importa a cor, a textura, o cheiro, canetas são simplesmente canetas. A
tinta sempre acaba e há a necessidade de que outra ocupe o seu lugar para que a
verdadeira história possa ser escrita.