sábado, 28 de abril de 2012

A Caneta e o Papel


Uma combinação perfeita.
A tinta da caneta repousa sobre o papel contornando várias palavras, formam frases que juntas formam um texto e futuramente, dia pós dia, transforma-se em uma história.
Histórias são como tatuagens, deixam grandes marcas na vida da gente.
E dói, dói muito quando a gente tenta apagá-las.
Eu fui o papel. Cheguei limpo, em branco e me entreguei inteiro. Pus-me a disposição de um novo recomeço.
Você foi a caneta que chegou em mim e escreveu linhas perfeitas, maravilhosas. Linhas tão bem escritas, tão bem pontuadas, enfeitadas de vírgulas, dois pontos, reticências, que até hoje eu não entendo esse ponto final.
Quando uma caneta de tinta forte, invés de rabiscar uma reticência, põe um ponto final é como se rasurasse o resto do papel em branco. É como se no lugar deste maldito ponto, tivesse um desenho sem começo e sem fim que ocupasse todo o resto da folha limpa que poderia ser aproveitada mais adiante.
Como acontece com o “amor”.
Quando um amor vai embora, é porque de fato, esta não era uma história de amor, era simplesmente um parágrafo.
Amor de verdade escreve histórias, a paixão escreve parágrafos.
A caneta segue adiante intacta, ou pelo menos sem perceber que deixou um pouco da tinta numa folha qualquer pra trás. As folhas de papel são esmagadas, rabiscadas, rasuradas, rasgadas, destruídas, mas são recicláveis. Depois de todo esse processo que aos nossos olhos é grotesco, papéis retornam em formas variadas, em cores sortidas, mas voltam sempre papéis, por vezes até papelão. E canetas são descartáveis.
O papel volta novo e recebe outra missão. Uma nova caneta repousa sobre ele. Compõe uma música, escreve uma história e o papel tem um novo ciclo. Mas a caneta tem sempre a mesma função.
E não importa a cor, a textura, o cheiro, canetas são simplesmente canetas. A tinta sempre acaba e há a necessidade de que outra ocupe o seu lugar para que a verdadeira história possa ser escrita.

Estou ouvindo, pelo menos agora...

"Talvez assim mate a vontade que me trouxe até aqui; mas já que já estamos aqui, sente-se ao meu lado, não é um sacrifício tão grande, não para você, pelo menos. Venha, vamos sentar num meio-fio, não temos aonde ir agora. Acenda um cigarro, ofereça-me um trago, fale-me de sua vida. Como você está? Estou aqui para te escutar, como sempre estive, ou como sempre estive de corpo, mas juro que dessa vez meus pensamentos estão direcionados a ti, eu realmente estou escutando o que tens a me falar, se é que tens alguma coisa. Pode se abrir, me dizer todas aquelas coisas que você sabe que me machucam, não se preocupe com a minha reação, não se preocupe com os meus sentimentos, eu vou ficar em silêncio, só ouvindo, vou sorrir quando nossos olhares se encontrarem, e ainda vou dizer que vai ficar tudo bem, não tenha medo. Hoje coloquei minha máscara, só pra você!"