segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Perdido e Salvo

Um Domingo a tarde como outro qualquer, uma promessa de visita que quase não aconteceria por culpa de uma chuva repentina e torrencial.
Um guarda-chuva com estampa de flores azuis foi o que nos protegeu da água que descia do céu no meio da rua enquanto nos abraçávamos.
Um fim de tarde de diálogo. Seria.
Um convite pra deitar no chão, ao meu lado. Foi o suficiente pra me fazer perceber que você tava o tempo todo ali, que eu fui tolo, tonto, lento, perdi tanto tempo.
Minha hiper-atividade, meus gestos repetitivos, meus olhos, minha boca, minha loucura de querer chegar mais perto...
A sensação de primeira vez como se eu nunca tivesse feito aquilo antes.
Os nossos olhos se encontravam na mesma dimensão, a tua boca mesmo sem movimento dizia-me a todo instante que morria de desejo de encostar-se à minha, e a minha boca não precisavam dizer nada.
Subitamente te abracei, com ar de brincadeira e desejo de loucura, te envolvi em meu peito, por que meu corpo ansiava pelo teu calor. Abracei-te.
Era inevitável perceber que um ar de tensão cobria-nos naquele final de tarde chuvoso e frio.
Fitei-te nos olhos e os percebi brilhando como eu nunca havia observado antes.
Acariciei teu rosto, teus lábios, teu queixo, eu quis arrancar as tuas roupas, mas ainda não era hora. Ainda não é a hora.
Eu pensei por um minuto pra saber se era certo o que eu pretendia fazer, não posso te perder, não sei viver sem tua amizade, você é muito importante para mim...
Fechei os olhos e encostei minha boca na tua.
Nossa! Como os teus lábios são macios, como nosso beijo tem um encaixe perfeito, um ritmo, uma melodia que soa em meus ouvidos desde então.
Só eu sei o que significou aquele beijo e eu vou guardar pra sempre esse segredo.
O beijo, nosso beijo, o ritmo, a melodia, a canção que só nós dois sabemos cantar.
Agora sei o que é sentir-se perdido e salvo.
Perdido por que você me roubou de mim e salvo porque a solidão sumiu no vazio que o teu beijo preencheu.

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Estou ouvindo, pelo menos agora...

"Talvez assim mate a vontade que me trouxe até aqui; mas já que já estamos aqui, sente-se ao meu lado, não é um sacrifício tão grande, não para você, pelo menos. Venha, vamos sentar num meio-fio, não temos aonde ir agora. Acenda um cigarro, ofereça-me um trago, fale-me de sua vida. Como você está? Estou aqui para te escutar, como sempre estive, ou como sempre estive de corpo, mas juro que dessa vez meus pensamentos estão direcionados a ti, eu realmente estou escutando o que tens a me falar, se é que tens alguma coisa. Pode se abrir, me dizer todas aquelas coisas que você sabe que me machucam, não se preocupe com a minha reação, não se preocupe com os meus sentimentos, eu vou ficar em silêncio, só ouvindo, vou sorrir quando nossos olhares se encontrarem, e ainda vou dizer que vai ficar tudo bem, não tenha medo. Hoje coloquei minha máscara, só pra você!"