quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Mas você ainda está aqui

Nenhum amor acaba de uma hora para outra. Quando nos damos conta de que acabou é porque se passou um tempo pra que os olhos estivessem abertos o suficiente pra perceber que nada mais era como no início. Não percebemos que a pessoa, a quem entregamos o nosso coração, a quem contamos os nossos mais profundos segredos de alma mudou, não somos capaz de perceber porque estamos enlevados pela doce sensação de amar alguém além do amor.Mas nosso instinto sabe sim, que algo está errado. Mas, talvez, para não querer sair do mundo de tanta magia, que estamos vivendo, ignoramos propositalmente os sinais.Não notamos que quem tanto amamos está com os olhos distantes, que se ausenta, que está meio em silêncio. Não queremos acreditar que algo vai mal. Afinal, amamos tão profundamente e estamos tão felizes, que é insuportável pensar que a outra pessoa não esteja sentindo a mesma coisa por nós.Damos o nosso máximo e entregamos a nossa mais pura essência. Flutuamos, em vez de andar e ficamos bobinhos, sorrindo e cantarolando o tempo todo.Então, num belo dia, nosso mundo todo desaba. Não podemos crer que isso realmente esteja acontecendo. Parece um sonho ruim.Como que não percebemos antes? Por que fomos tão longe, sem fazer uma avaliação mais racional?A primeira reação é de profundo desespero. O chão some sob nossos pés, o corpo começa a tremer e o coração quase pára de bater. O ar some de nossos pulmões e achamos que vamos morrer de tanta dor. Tudo perde o sentido. A vida se torna cinzenta, e nada, absolutamente nada, pode aliviar esta sensação de quase morte.E agora? O que fazer com o grande baú de sonhos que sonhamos juntos? O que fazer com os tantos planos e metas que elaboramos, para uma vida a dois? Momentaneamente, tudo parece acabar. Mas, logo percebemos que nada podemos fazer. Ligamos, implorando para que reconsidere. Mas a pessoa é taxativa e não tem volta.Esta constatação nos atinge com o poder de uma lâmina, dentro do coração, e arranca todo e qualquer vestígio de esperança. E, como sonâmbulos, passamos a vagar pelos dias e noites que se seguem. Chorando copiosamente, sem sentir fome, sem ter noção das horas.Os dias passam, e então, os sentimentos confusos, que vão desde a mágoa profunda, até a raiva mais intensa, derramam também a culpa dentro da gente.Passamos a achar que o erro está em nós. Que poderíamos ter feito mais. Que não somos bons o suficiente, ou ainda, que não merecemos ser amado.A profunda saudade começa a pesar, e o vazio nos avisa que precisamos tomar uma atitude. Perdemos uma parte de nós mesmos, mas precisamos recomeçar por alguma ponta. Jogar-se de corpo e alma dentro dos afazeres, trabalhar muito, ocupar a mente, para evitar pensar. Chegamos tão cansados, que dormimos sem fazer força. Mesmo que nossas noites sejam povoadas por pesadelos. Mas, a noite passa e um novo dia sempre chega. E mais um. E mais um.

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Estou ouvindo, pelo menos agora...

"Talvez assim mate a vontade que me trouxe até aqui; mas já que já estamos aqui, sente-se ao meu lado, não é um sacrifício tão grande, não para você, pelo menos. Venha, vamos sentar num meio-fio, não temos aonde ir agora. Acenda um cigarro, ofereça-me um trago, fale-me de sua vida. Como você está? Estou aqui para te escutar, como sempre estive, ou como sempre estive de corpo, mas juro que dessa vez meus pensamentos estão direcionados a ti, eu realmente estou escutando o que tens a me falar, se é que tens alguma coisa. Pode se abrir, me dizer todas aquelas coisas que você sabe que me machucam, não se preocupe com a minha reação, não se preocupe com os meus sentimentos, eu vou ficar em silêncio, só ouvindo, vou sorrir quando nossos olhares se encontrarem, e ainda vou dizer que vai ficar tudo bem, não tenha medo. Hoje coloquei minha máscara, só pra você!"